Acampamento de Poetas del Mundo
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Vanda ferreira - Cônsul de Poetas del Mundo levou a termo neste final de semana - com muito sucesso - o seu projeto "Acampamento de Poetas del Mundo" que é a essencial inovação para gerar vantagens ao processo de mudança social e potencializar a abrangência à legitimidade das ações de sustentabilidade ambiental.
"Roça de Paz, ame a natureza como a ti mesmo", é a 2ª edição do projeto "Acampamento de Poetas del Mundo, e foi elaborado com a finalidade de transformar positivamente, tanto no âmbito externo ambiental quanto no nterno organizacional de Poetas del Mundo, de seus membros e convidados, para integração dos artistas ao contexto da responsabilidade ambiental.
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Gastronomia regional, palestras, trilhas, sinestesia, reavivamento de amizades, encontros de vários artistas, atores e atrizes, natureza verdejante, rio murmurejante, pôr-de-sol, musicas, cantorias, teatros, serenatas, saraus embalaram três dias de real e efetivo encontro com a Roça da Paz - onde se procurou encontrar dentro de si próprio as respostas das questões que assolam a Humanidade no que concerne ao respeito a natureza e ao ser humano.
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Parabéns Vanda Ferreira e equipe - pelos teus sonhos que sempre levas a efeito não importando as vicissitudes.
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Delasnieve Daspet
Presidente da Associação Internacional Poetas del Mundo
Participação do Grupo Arte & Movimento (Sabrina Carvalho, atriz e dançarina, Diogo Adriani, ator e dançarino, e Diego Adrianne músico) apresentando diversas intervenções e o ensaio aberto do espetáculo ANI, texto de Vanda Ferreira.
ANI
Vanda Ferreira
Especialmente hoje pausei meu acelerado cérebro desenfreado e louco, para pensar em meu futuro.
Para pensar exatamente no tempo do futuro bem longínquo, quando esta carne que me configura estiver morta e devorada pela fome dos vermes viventes há sete palmos de profundidade na terra abaixo.
Acredito que algo será falado a respeito de uma mulher
que era o celeiro de uma alma ermitã;
Que escrevia feito bicho estranho,
ANI (Animal Não Identificado) ...
Que vivia atribulada com sua realidade carregada de afazeres e que em fugidios minutos escrevia; escrevia, escrevia.
Seus lábios carnudos eram copia da boca das índias do mato.
O cabelo claro e encaracolado denunciava a mistura, o testemunho da cruza de negrura e brancura.
Era uma vez uma mulher.
Ela tinha beleza física de européia e nobre coração de bugre.
Seu sangue era verde, e seivava pelos poros de pele floral.
Ela nasceu no mato, amava o mato e vivia no mato.
Escreveu sobre o mato.
Cantou sobre o mato e morreu feliz no mato.
Mas viveu um pesadelo.
Seus textos eram pouco lidos. Ninguém se interessava em ler poesia matuta. Ninguém queria rimar céu azul, com Mato Grosso do Sul e nhambu e teiú, muito menos urubu e seu fundamental papel no mato.
Rimas de mato com tato, fato, trato, contato com mato, não eram valiosas. Ninguém via a explícita poesia do mato.
Ninguém queria que falasse, ou abordasse as brancuras dos papéis imaculados, para sobre a incontrolável atração de homens brancos pela magnitude de mulheres índias e negras.
Ninguém publicou seus textos sobre os acasalamentos de brancos invasores da terra brasileira, cuja tara engravidava as índias e estas davam à luz à nação brasileiríssima: Bugres e Bugras.
Ninguém assumia que se apossou das terras de seus verdadeiros donos. Ninguém assumia que usava papel higiênico e cimento e tijolo do útero da mãe-natureza. E que bebe da preciosidade que verte de uma ferida aberta no coração da mãe-natureza.
Mas ela não escrevia para ninguém!
Ela exteriorizava seu amor para o papel porque o mato é extenso, alto e profundo e não havia como abraçar e beijar o mato e então transbordando de amor pelo mato produziu enes pergaminhos e os distribui em um belo corredor na galeria do barranco do rio no mato.
Para quando o futuro chegar e os historiadores e pesquisadores resolverem caminhar pelo deserto que era o mato na avenida sinuosa esculpida pela maestria da preciosidade que verteu da ferida aberta no coração da mãe-terra.
Falando em Mato, importa tudo da vida
E NADA IMPORTA O CALIBRE DO MATO.
NÃO IMPORTA SE É GROSSO OU FINO, RÍGIDO, RETO, TORTO, DELGADO.
IMPORTA QUE Seja MATO.
Ai, ai que me engulam porque quando eu morrer renascerei mesmo!!!
Assim como Fênix, e tenho pressa em investir na imortalidade da CULTURA RURAL e a bestialidade humana passará, ninguém viverá sem a fauna e flora e água e terra e comida natural e sol e lua...
Tudo é primeiro plano e nós humanos mortais estamos em um plano tão fim de fila que sairemos urrando, gritando, clamando por água, canto de passarinho, alface, árvore e leite que vem da vaquinha que come grama que nasce nos grandes campos que se chamam pasto!!!!
Parabéns Vanda Ferreira (Bugra), filha da terra, semente mãe.
ResponderExcluirPosso imaginar como foi tudo... Maravilhoso!
Não poderia ser menos.
Infelizmente meu estado de saúde interrompeu meus planos e eu não pude estar nesta edição.
Parabéns a todos que puderam estar neste maravilhoso Acampamento Roça de Paz.
Elaine Mello